Agronegócios
Chuva garante “espetáculo”, e safrinha de milho do Brasil deve crescer 23%, aponta pesquisa
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Conforme média de estimativas de 10 consultorias e entidades do mercado, o Brasil deverá colher na chamada safrinha 66,22 milhões de toneladas de milho, ou 22,9 por cento mais na comparação com 2017/18, quando condições climáticas adversas derrubaram a produtividade.
O volume também é quase 1 milhão de toneladas acima dos 65,35 milhões estimados no levantamento de fevereiro.
É evidente que o ganho de produção previsto reflete uma área plantada 4,8 por cento maior, de 12,09 milhões de hectares, praticamente repetindo o recorde de 2016/17. Entretanto, analistas destacam que a janela ideal de plantio tem peso importante nesse cenário.
A produção média estimada pelos analistas ainda está abaixo do recorde de 67,38 milhões de toneladas de 2016/17, quando a safra total brasileira, incluindo a colheita de verão, atingiu históricos 97,8 milhões de toneladas.
“A safrinha está vindo muito bem, esperamos boa produção, porque foi plantada dentro da janela, com boa umidade… O milho está vindo um espetáculo”, resumiu o analista Adriano Gomes, da AgRural.
O milho de segunda safra, que responde pelo grosso da produção brasileira, é semeado logo após a colheita da soja, que neste ano está mais adiantada. Como consequência, o cereal está se desenvolvendo dentro de um período de mais chuvas, garantindo-lhe boa umidade.
Nos últimos 30 dias, as precipitações ficaram dentro ou acima da média em praticamente todo o centro-sul, segundo o Agriculture Weather Dashboard, do Refinitiv Eikon, em um contraste com a seca e o forte calor que assolaram a soja entre dezembro e janeiro.
Apenas Mato Grosso, maior produtor nacional de milho, viu chuvas aquém do normal, porém deve voltar a receber bons volumes no início de abril.
“Os níveis de umidade atual e o adiantamento do plantio da segunda safra lançam prognósticos positivos quantos aos rendimentos das lavouras de milho… Tudo indica que já no mês de maio teremos as primeiras ofertas de milho inverno chegando no mercado”, comentou o analista Aedson Pereira, da IEG FNP, destacando a possibilidade de colheita mais cedo neste ano.
Diante do prognóstico de uma volumosa safrinha, as cotações do milho no mercado interno já vêm cedendo.
“Os preços do milho, que estavam em movimento de alta desde o início de novembro do ano passado, estão em queda no mercado brasileiro. A pressão vem do avanço da colheita da safra verão e do bom desenvolvimento da segunda temporada, que, neste caso, gera expectativa de oferta elevada”, afirmou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em análise recente.
Conforme monitoramento do Cepea, a saca de milho está cotada em 38,50 reais, queda de quase 10 por cento desde o início de março e abaixo dos mais de 41 reais vistos há um ano.